sábado, 18 de abril de 2015

Castelo de Silves

Fotografia de Lusofox em Flickr

O castelo de Silves é uma das principais fortificações muçulmanas em território nacional, e uma das que em melhor estado chegou até aos nossos dias. A sua construção remonta aos inícios da dominação islâmica na península, como o parece provar as descobertas arqueológicas de espólio datável dos séculos VIII-IX. Sucederam-se as reformulações até ao século XI, altura em que Silves atingiu o seu apogeu e ultrapassou a antiga cidade de Ossónoba, elevando-se à categoria de principal cidade do Algarve. Com efeito, sob o governo de Al-Mutamide, Silves passou a ser capital de uma taifa (reino islâmico independente), e deve datar desse período a configuração geral do perímetro amuralhado, em planta, que ainda hoje se mantém.
Cercando uma área de aproximadamente 12 hectares, a muralha possuia três portas e uma rede viária interna cruzada, com duas ruas principais. Associada à porta principal - a Porta da Almedina, ou de Loulé - o magnífico Palácio das Varandas, tão celebrado na poesia do rei-poeta Al-Mutamide, dominava toda a cidade.
De 1227 é uma lápide, identificada nas ruínas da Porta do Sol e originalmente associada a uma torre quadrangular que defendia esta passagem, que data a última grande reforma islâmica do castelo, fomentada pelo último rei muçulmano, Ibn al-Mahfur (GOMES, 1989, p.36).
O complexo sistema defensivo então delineado manteve a organização em duas grandes áreas, a alcáçova e a medina. A primeira, erguida no alto do cerro, era protegida por onze torres quadrangulares, duas das quais albarrãs, salientes do pano de muralha, mas comunicando com ele através de uma passagem superior, o que permitia uma mais eficaz defesa dos panos rectilíneos. No interior da alcáçova destaca-se a magnífica cisterna da Moura, um enorme depósito de água, datável do século XI, e que ocupa uma área de 820 metros quadrados, elevando-se a uma altura de 10 metros.
A medina ligava-se à alcáçova através de uma porta protegida por duas poderosas torres. Rodeia praticamente toda a cidade, e possuia três portas, sendo que apenas a de Loulé se mantém praticamente íntegra, com o seu duplo passadiço de altos arcos de volta perfeita, protegido por uma torre albarrã, e uma estrutura inferior muito provavelmente em cotovelo.
As alterações que posteriormente se efectuaram no castelo de Silves não parecem ter desvirtuado a concepção geral muçulmana. Sabe-se que D. Fernando e D. João I realizaram obras pontuais na fortaleza, desconhecendo-se, contudo, a amplitude dessas intervenções. Bastante mais radical foi o restauro efectuado pela DGEMN, nas décadas de 30 e de 40 do século XX. Nessa altura desobstruiram-se os panos de muralhas e refizeram-se algumas torres que ameaçavam ruir. Foi um restauro algo fantasista que destruiu, entre outros elementos, os restos do Palácio das Varandas. Tal facto, contudo, não foi suficiente para afastar o estatuto desta fortaleza como uma das principais obras de arquitectura militar islâmica, ainda que tardia, que chegaram até hoje, no território nacional.
Fonte: patrimóniocultural.pt (adpat.)

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